quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Bebês, filhos e pais: algumas palavras sobre educação e violência

Faz tempo que eu queria compartilhar algo sobre bebê no blog pois percebi que muitos problemas da sociedade tem suas fontes na educação dos pais e isso começa desde muito cedo!
Escrevi esse texto em reação a esse texto, disponível no facebook:
Nesse texto, a gente vê o que é o mais comum e mais triste. A criança desrespeitada. A criança que não é uma pessoa. A criança que deve ser perfeita. O pai que bate mas que queria que o filho não bata o irmão. Violência e arbitrariedade.
É claro o estresse é um fator a corrida atrás do tempo perdido é um outro fator que tende a fazer os pais terem esses comportamentos nocivos
como o texto ressalta. A gente queria a criança pronta, já adulta desde o início mas não é assim. 
A birra é de quem?
O que quero acrescentar nesse texto e que a cultura nos orientar a pensar que o bebê faz birras, e quase todo mundo fale aos jovens pais que tem que dar limite, que tem que ser autoritário mas as pessoas evitam essa palavra, autoritária, pois ela incomoda mas é isso que é autoritarismo!
Esses comportamentos autoritários além de ser um espelho dos problemas dos pais, também são reflexos de uma cultura milenária de educação autoritária que nega direitos de crianças. As pessoas falam que precisa ser autoritário. Alguns são confusas, tem que ser gentil e autoritário. O que a gente não houve. "As crianças fazem birras, não pode deixar" etc...
Assisti alguns dias atrás, no programa da Fátima Bernardes uma discussão sobre educação dos filhos que prometia ser interessante mas infelizmente percebi que não foram convidados nenhuma pessoa saindo do "autoritarismo bacana", do "por limites", enquanto poderiam ter falado de filosofias humanistas, da comunicação não violenta de Marshall Rosenberg, da autodisciplina de Thomas Gordon etc.. E assim um belo dia veio a felicidade de estar a chegar nosso primeiro filho e agente começa a ler um pouco sobre educação dos filhos pois a gente quer saber um pouco mais e surpresa! A gente descobre que tudo que sabemos está errado. A gente não precisa ler um pouco. A gente precisa ler muito! A gente descobre as abordagens humanistas e a gente não quer mais fazer como "todo mundo" faz. A gente lê mais livros, se documenta. A gente reflete sobre muita coisa sobre o que se chama de birra: É quando o bebê não quer fazer o que o adulto quer? Então, isso significa que o adulto quer algo que o bebê "não quer"? Onde está a birra? A birra é da criança ou do adulto? Se tem birras de bebês, então deve ter birras de adultos!
 As neurociências nos ajudam a entender melhor os bebês
Pois bem, se a gente tem a sorte de ler sobre neurociência e bebê como eu, a gente descobre que os bebês não podem inibir as vontades deles porque não desenvolveram o cortex pré-frontal. O local onde acontece o controle executivo https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3rtex_pr%C3%A9-frontal. Pois bem até 3 e mesmo 5 anos o seu desenvolvimento é muito limitado e justamente e ali que pode acontecer o controle das emoções. Quando a gente sabe isso, a gente entende muito mais as crises dos bebês. Eles não têm capacidade cognitiva para inibir ou frear suas emoções! Nesse mesmo local do cérebro, o córtex pré-frontal acontecem as aprendizagens de coisas novas, não intuitivas. O neurocientista Olivier Houdé, as vezes chamado de Piaget do século XXI, fala em pedagogia do córtex pré-frontal!
E quem bate não só é covarde e violento e além de não desenvolver a inteligência dos seus filhos, também gera neles cortisol, o hormônio do estresse que inibe a formação de mielina em volta dos neurônios. A camada de mielina é o que permite aumentar a velocidade de propagação dos impulsos nervosos. A velocidade pode aumentar de um fator 100!!!
Se para ser bons pais, não podemos ser autoritário, tão pouco temos que ser permissivos. Então o que fazer? Parece que as pessoas não sabem! Eu também não sabia e precisei ler. Não encontrei ninguém que sabia como educar democraticamente sem ser permissivo.
Como ser democrático sem ser permissivo?

Muitos param ali. Pois bem, não vamos parar ali! Existem as abordagens democrática como a comunicação não violenta e a autodisciplina de Thomas Gordon que não são muito diferente da disciplina positiva explicado no texto compartilhado acima. Existem técnicas nas quais muito depende da comunicação mas é claro depende de uma filosofia humanista erdada principalmente de Carl Rogers. As técnicas podem ser aprendidas mesmo se não é fácil (estou aprendendo ainda!). Eu estou lendo agora meu terceiro livro de Thomas Gordon sobre o assunto. Ele tem bastante semelhança com a disciplina positiva mas está menos no moda no Brasil que a disciplina positiva!

Essas diversas abordagens de educação democrática nos orientam a expressar nossos sentimentos subjacentes. Vou apresentar brevemente algumas ideias de Thomas Gordon. Tem que reconhecer de quem é o problema quando houver.

De quem é o problema?

O problema é do pai? Do filho? Se a criança irrita o pai que assista um programa de televisão, o problema é de quem? Do pai ou da criança? Do pai! Pois é ele que está incomodado naquele momento. Então nesse caso tem uma técnica. Compartilhar seus sentimentos. A criança volta da escola muito triste. O problema é da criança, aí tem que usar o que Thomas Gordon chama de escuta ativa para ajudar a criança a identificar o sentimento que a levou a essa tristeza. Muitas vezes isso é suficiente para a criança resolver seu problema. As vezes tem conflitos entre pais e criança etc, e tem uma técnica de resolução sem perdedores enquanto geralmente só se considere classicamente duas abordagens, a autoritária, quando os pais ganham e o filho perde ou a permissiva quando os filhos ganham e os pais perdem mas a vida é cheia de conflito tem soluções muito melhores do que as soluções um ganha e o outro perde.
Os livros de Thomas de Thomas Gordon não estão disponíveis em português mas tem em inglês e Francês por exemplo, por exemplo na amazon: http://www.amazon.com/Thomas-Gordon/e/B004MZK0O0
Passar dos livros para a vida não é fácil. Desafio! Não aprendemos a reconhecer nosso sentimentos e ainda menos a compartilhar eles mas isso faz parte do processo. Além disso raramente aprendemos a escutar os outros mas isso é fundamental! Estou nesse caminho.